terça-feira, 1 de setembro de 2009

GOVERNO MÉDICI

No fim de 1969, o alarmante estado de saúde do então presidente Costa e Silva levou os membros do regime militar a declararem a vacância nos cargos de presidente e vice-presidente do Brasil. Entre os membros do oficialato mais cotados para assumir o cargo em aberto, destacava-se o general Albuquerque Lima, uma das mais proeminentes figuras entre os oficiais mais jovens do Exército. No entanto, os grupos mais ligados à chamada “linha dura” acabaram aprovando o nome de Emílio Garrastazu Médici, completando-se a chapa com um dos próprios componentes da Junta Militar, o almirante Augusto Rademaker, que foi escolhido para vice-Presidente.
O governo de Costa e Silva (1967-1969), esteve de tal maneira envolvido em problemas políticos e político-militares que não lhe sobrou tempo para a administração. Ou foi quase isso, porque a equipe econômica, com Delfim Neto no ministério da Fazenda e Helio Beltrão no Planejamento, longe dos holofotes, completou o trabalho de saneamento iniciado por Castelo Branco.
Assim, ao assumir a Junta Militar, o Brasil já se achava praticamente recuperado e dava os primeiros sinais de crescimento, iniciando um período fastigioso, que ficou conhecido como o do "milagre econômico brasileiro".
Era uma bolha de sabão, grande, colorida e brilhante, fascinando a todos e, embora sem consistência para se sustentar por muito tempo, serviu para iluminar o governo Médici, escondendo os reais problemas do país, que o levaram mais tarde à recessão e aos anos oitenta, conhecidos como a "década perdida".
Mas, no início dos anos setenta, quase tudo era festa. O crédito do Brasil no exterior estava restabelecido. Era a época do dinheiro farto no exterior, de muitos aplicadores para pouco mercado. As ofertas de empréstimo chegavam pela linha do telex e eram aceitas pela mesma via. Os capitais voltavam a aportar ao Brasil, tanto na forma de empréstimos a médio prazo como em investimentos industriais no país.
A ordem agora era consumir para aumentar as vendas, gerando novos pedidos às indústrias que, assim, tinham de contratar mais mão-de-obra, aumentando a renda dos trabalhadores que, por sua vez, incrementava o consumo, gerando novos pedidos.
Foi um período de ouro para os departamentos de vendas. Agora, eram os compradores que batiam à porta dos vendedores, suplicando por um aumento de cota, ou pedindo a antecipação de entrega de mercadorias já encomendadas. Como conseqüência natural, já que o parque industrial não podia ser ampliado do dia para a noite, começaram a faltar matérias primas, gerando alguma pressão inflacionária, ainda que sob controle.
Era o milagre econômico que chegava ao país. Por detrás dele, havia, entretanto, um controle governamental contendo a ação sindical, proibindo greves e manifestações, controlando reajustes salariais e "fabricando" índices de inflação que não batiam com a realidade do dia-a-dia. Mas havia emprego pleno e isso desarmava os sindicatos em sua luta por melhores salários.

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